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16 dezembro, 2009

Nutrientes à lupa



ÁGUA
O nosso organismo é constituído por cerca de 65% de água, da qual ¾ se situa em órgãos como o cérebro, os rins e o fígado. A água encontra-se dentro e fora das células, sendo essencial para qualquer tecido. Podemos sobreviver à carência de qualquer um dos nutrientes durante algum tempo, mas a carência de água é incompatível com a vida ao fim de poucos dias.
A água é essencial nos processos fisiológicos da digestão, absorção e excreção de resíduos metabólicos, assim como, na estrutura e função do sistema circulatório.
É o meio de transporte para nutrientes e para todas as substâncias corpóreas. Mantém o equilíbrio físico e químico dos fluidos corporais e desempenha um papel directo na regulação da temperatura corporal.
As melhores fontes de água, para além da água no seu estado natural, são chás ou infusões, leite e sumos. No entanto, a água também está presente noutros alimentos, como por exemplo, fruta, legumes, iogurte.
A carência de água, designada por desidratação, pode ser consequência da diminuição da ingestão ou de perdas aumentadas do organismo, como acontece em situações de transpiração excessiva, diarreia, vómitos ou aumento da frequência e volume urinários.
O primeiro indício de desidratação é a sede. Por isso, não devemos esperar que a sede se estabeleça, devemos ingerir água regularmente durante o dia.

Os dois bons indicadores do grau de hidratação do organismo são a cor e o cheiro da urina: cor amarelo carregado (em vez de amarelo pálido ou transparente) e cheiro forte são sinais típicos de ingestão insuficiente.


HIDRATOS DE CARBONO

Os hidratos de carbono, também designados de glícidos ou glúcidos, são o nutriente que precisamos em maior quantidade na nossa alimentação diária, pois fornecem a fonte primária de energia às células, a glicose. Para além disso, também são um constituinte fundamental de diversas estruturas, particularmente das células do tecido nervoso.
Consideram-se uma fonte de energia “limpa”, porque o nosso organismo consegue aproveitar a glicose directamente, sem formação de compostos intermédios com efeitos tóxicos no organismo ou deterioração de estruturas orgânicas fundamentais, como acontece com a obtenção de energia exclusivamente através das proteínas e gorduras.
De uma forma geral podemos distinguir os hidratos de carbono consoante a sua estrutura mais simples ou mais complexa.

Hidratos de carbono simples: também chamados de açúcares, são constituídos por uma unidade estrutural (ex.: glicose, frutose, galactose) ou por duas unidades:
- sacarose (vulgar açúcar de mesa) é composto por glicose e frutose;
- lactose (açúcar característico do leite) é composto por glicose e galactose.
Os açúcares estão naturalmente presentes nas frutas, bem como no leite e derivados, mas a maioria dos açúcares disponíveis nos alimentos são adicionados.

Hidratos de carbono complexos: são compostos por várias unidades estruturais, geralmente muitas moléculas de glicose ligadas entre si. O amido é o principal hidrato de carbono complexo e está presente nos cereais e derivados (como o arroz, o pão, as massas), nos tubérculos (batata) e nas leguminosas (feijão, grão, favas, ervilhas, lentilhas, etc.).

Digestão dos hidratos de carbono

A glicose pode ser directamente absorvida e passar para a corrente sanguínea, mas os restantes hidratos de carbono têm que passar primeiro por um processo de degradação para passar a unidades isoladas e, só depois, podem ser absorvidos, passar à corrente sanguínea e ser utilizados como fonte de energia pelo organismo.
Os níveis de glicose ou açúcar no sangue (glicemia) devem permanecer em níveis equilibrados e constantes sendo, por isso, controlados por duas hormonas: a insulina e a glicagina; a primeira retira açúcar do sangue para ser utilizado pelas células e a segunda repõe açúcar no sangue a partir das reservas.
Após a ingestão, à medida que os hidratos de carbono são digeridos, são libertados no sangue elevando os níveis de açúcar. Para equilibrar a glicemia, a glicose é enviada para as células para ser transformada em energia, ou, se a glicose estiver presente em quantidade excessiva, é transformada e armazenada… sob a forma de gordura.


ÍNDICE GLICÉMICO (IG)

O Índice Glicémico é uma medida que compara a capacidade que os alimentos têm de elevar (muito ou pouco) o açúcar no sangue. O IG depende por isso da velocidade de digestão e/ou absorção dos hidratos de carbono em questão.


LÍPIDOS


Os lipidos ou gorduras muitas vezes conotados como sendo prejudiciais à saúde, são essenciais à vida desempenhando funções fundamentais no organismo. Fazem parte da constituição das membranas das células, são necessários para proteger os órgãos internos, revestir o sistema nervoso e proteger do frio; fornecem energia, transportam vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e participam na síntese de hormonas.

As gorduras do nosso corpo provêm directamente dos alimentos ou são produzidas pelo próprio organismo, no fígado ou no tecido adiposo, a partir dos extras energéticos resultantes de consumos excessivos de hidratos de carbono, proteínas, gorduras, lípidos e álcool.

Quantidade de lípidos

Os lípidos devem corresponder até 30% do valor energético necessário diariamente. No entanto, não devemos esquecer que é o nutriente que, por grama, fornece mais calorias (1g = 9 kcal). Por exemplo, considerando o valor energético diário de 2000 kcal, o consumo total de lípidos deveria situar-se entre as 56 e as 67g, contra 60g-75g de proteínas e 275g-300g de hidratos de carbono.

Qualidade dos lípidos

Os lípidos ou gorduras são constituídos por um grupo heterogéneo que inclui triglicéridos (vulgarmente designados por gorduras), colesterol, fosfolípidos e glucolípidos. Os triglicéridos constituem cerca de 98 a 99% dos lípidos da nossa alimentação e são compostos por ácidos gordos.
Os ácidos gordos classificam-se em saturados e insaturados, que por sua vez podem ser monoinsaturados ou polinsaturados, dependendo da sua constituição química. Todos são importantes para o bom funcionamento do organismo, mas são necessários em proporções diferentes. Os alimentos gordos normalmente contêm uma mistura de todos os tipos de gorduras em diferentes proporções. Mas é frequente associar os alimentos ao grupo de gorduras que contêm em maior proporção.

Ácidos gordos saturados

Quando consumidos em quantidades excessivas, contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e níveis de colesterol elevado.

Ácidos gordos monoinsaturados

As gorduras monoinsaturadas ajudam a manter os níveis de bom colesterol (colesterol-HDL).

Ácidos gordos polinsaturados

As gorduras polinsaturadas incluem os grupos ómega 3 e ómega 6. Algumas destas gorduras são essenciais porque não podem ser sintetizadas pelo nosso organismo. Ajudam a baixar os triglicéridos e o mau colesterol (colesterol-LDL), bem como a melhorar a fluidez do sangue.


Colesterol

O colesterol é indispensável à vida. É precursor dos ácidos biliares, das hormonas esteróides e participa na síntese de vitamina D. Além disso também tem papel importante na constituição das membranas celulares. O nosso organismo tem a capacidade de produzir colesterol e, para além disso, pode obtê-lo através da alimentação. Torna-se prejudicial para a saúde quando está em excesso, apresentando tendência para se acumular nas artérias e dificultar a circulação normal do sangue.
É uma molécula exclusiva dos animais, por isso, os alimentos de origem vegetal não contêm colesterol. Recomenda-se uma ingestão de colesterol inferior a 300mg/dia.
Distribuição ideal dos lípidos na alimentação
Metade dos lípidos ingeridos deve corresponder a gorduras monoinsaturados e a restante metade deve ser repartida pelos ácidos gordos saturados e polinsaturados.

Distribuição adequada do consumo de lípidos




PROTEÍNAS

As proteínas têm um papel fundamental na construção e manutenção de todos os tecidos do corpo, enzimas, elementos do sistema imunitário (ex. anticorpos), hormonas, fluidos e secreções corporais; participam no transporte de substâncias por todo o corpo e constituem o ADN, para além de fornecerem energia.
As proteínas são constituídas por unidades estruturais designadas de aminoácidos. Das combinações possíveis a partir de 20 aminoácidos distintos, o organismo produz as proteínas de que necessita. Os aminoácidos podem dividir-se em dois grupos: essenciais e não essenciais.

Aminoácidos essenciais: o nosso organismo não os consegue sintetizar, por isso só podem ser obtidos através da alimentação.

Aminoácidos não essenciais: o nosso organismo consegue sintetizá-los.
Chamam-se proteínas de alto valor biológico aquelas que incluem aminoácidos essenciais em proporções adequadas ao nosso organismo. Estas proteínas encontram-se geralmente em alimentos de origem animal, como leite e derivados, ovos, carnes, aves, peixe.

As proteínas de origem vegetal, não menos importantes, possuem um valor biológico muito inferior ao das proteínas animais, porque não contêm todos os aminoácidos essenciais. No entanto, se forem bem combinadas, as proteínas vegetais podem fornecer um perfil de aminoácidos semelhante ao das proteínas animais (ex.: grão com massa, feijão com arroz).
Estas proteínas encontram-se em alimentos como os cereais, soja, feijão, lentilhas, ervilhas, amendoins, etc.


FIBRAS

As fibras são polímeros de hidratos de carbono que não são digeridos nem absorvidos pelo nosso organismo e incluem várias substâncias: polissacarídeos não amiláceos, inulina, fruto-oligossacáridos (FOS), amido resistente (RS) e lenhina.
As fibras têm uma função exclusivamente reguladora, pois como não são absorvidas pelo organismo não podem integrar estruturas (função plástica) ou fornecer energia (função energética).
A acção das fibras incide no aparelho digestivo, desde que são ingeridas até serem excretadas. As acções a nível do aparelho digestivo têm repercussões benéficas na saúde.

De um modo geral, as fibras alimentares apresentam as seguintes funções:
•Aumentam a capacidade de eliminação do colesterol e de gorduras, diminuindo os seus níveis de circulação no sangue;
•Atrasam a absorção de açúcares, sendo benéficas para controlar os níveis de açúcar no sangue;
•Aumentam a sensação de saciedade, controlando a ingestão de outros alimentos que, ao serem calóricos, elevam o aporte energético para níveis superiores aos necessários;
•Estimulam a motilidade do intestino, porque aumentam o peso das fezes.
As fibras estão presentes apenas em alimentos de origem vegetal: cereais e derivados, especialmente se forem integrais – arroz, massa, pão; fruta, vegetais e leguminosas, como ervilhas, favas, feijões, grãos e lentilhas.


VITAMINAS

As vitaminas são nutrientes reguladores e interferem em processos decisivos como:•Crescimento e desenvolvimento
•Utilização da energia proveniente dos alimentos
•Libertação da energia por músculos e outros órgãos
•Protecção antioxidante de células e tecidos dos efeitos dos radicais livres
•Produção de enzimas e hormonas
A sua ausência pode comprometer seriamente a saúde e apesar do organismo poder sintetizar algumas delas, tal quantidade é insuficiente. Por isso, é preciso garantir o correcto fornecimento de vitaminas através da alimentação.

As vitaminas são classificadas em dois grupos, consoante o meio onde são solúveis, o que determina, de certo modo, as suas fontes alimentares, a sua distribuição corporal, bem como, a sua capacidade de armazenamento nos tecidos.

Vitaminas lipossolúveis: Solúveis em gordura. Frequentemente encontradas nas gorduras dos alimentos; são absorvidas e armazenadas pelo organismo juntamente com a gordura. Por serem armazenadas no organismo, as situações de excesso estão mais favorecidas que as de carência.
Vitaminas A, D, E e K.

Vitaminas hidrossolúveis: Solúveis em água. Geralmente, estas vitaminas não são armazenadas no organismo em quantidade apreciável, sendo excretadas pela urina. Por não serem armazenadas no organismo em quantidades significativas, as situações de carência estão favorecidas.
Vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9, B12) e vitamina C.


MINERAIS

Os minerais constituem um grupo fundamental de nutrientes que devem estar presentes na alimentação diária.

Podem ser divididos em dois grupos:
Macrominerais: Necessidades diárias superiores a 100 mg. Cálcio, fósforo, magnésio, enxofre, sódio, cloro e potássio.
Microminerais ou oligoelementos: Necessidades diárias inferiores a 100 mg. ferro, iodo, selénio, zinco, cobre, flúor, cobalto, molibdénio.

As suas funções são essencialmente reguladoras, embora alguns minerais desempenhem também funções plásticas.

Função plástica ou construtora
•formação, manutenção e reparação da estrutura óssea. Exemplos: cálcio, fósforo.
Função reguladora
•regulam funções vitais no organismo.


Cálcio

O cálcio é o 5º elemento mais abundante do nosso organismo e cerca de 99% da sua quantidade total encontra-se nos ossos e dentes.
O osso é um tecido vivo e dinâmico, sujeito a um processo de desmineralização e remineralização, e que se pode considerar um reservatório de cálcio.
É fundamental a ingestão deste mineral ao longo de toda a vida de modo a permitir uma adequada formação, manutenção e reparação do esqueleto. As necessidades de cálcio são acrescidas em determinadas alturas da vida, como na infância e adolescência, para satisfazer as exigências do crescimento ósseo, ou em grávidas para assegurar a mineralização do esqueleto do feto.
A ingestão insuficiente de cálcio após um longo período de tempo é um factor de risco para o desenvolvimento de osteoporose – situação clínica em que os ossos mantêm a sua forma, mas a sua estrutura torna-se esponjosa e frágil, dando origem a fracturas frequentes.


Ferro

O ferro é de extrema importância para o nosso organismo, dado que faz parte das células sanguíneas que transportam oxigénio para todo o corpo. Aproximadamente 30% do ferro total do nosso corpo é armazenado para poder substituir facilmente o ferro perdido. É essencial na formação de várias proteínas, entre as quais, a hemoglobina (proteína que transporta o oxigénio no sangue).
A deficiência de ferro é a deficiência nutricional mais comum a nível mundial e os seus sintomas caracterizam-se por fadiga, dificuldades respiratórias, dor de cabeça, irritabilidade, apatia e anemia.

Os grupos que estão em risco de deficiência de ferro são: mulheres grávidas, porque as suas necessidades estão aumentadas; mulheres com perdas menstruais superiores ao normal, cuja alimentação não lhes fornece uma quantidade de ferro suficiente para compensar as perdas; e indivíduos de idade superior a 65 anos, por maior ocorrência de pequenas hemorragias internas.




Definições

Nutrição: Consiste no conjunto de processos, através dos quais o nosso organismo utiliza, transforma e incorpora nas suas próprias estruturas os nutrientes provenientes da alimentação.
Alimentação: é o acto voluntário e consciente de selecção dos alimentos, de acordo com as preferências, disponibilidade e aprendizagem de cada indivíduo, com o objectivo de nutrir o organismo.
Nutrientes: substâncias que os alimentos fornecem ao organismo e que são indispensáveis à vida. Dividem-se em 7 tipos: água, proteínas, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas, sais minerais e fibras.

Os nutrientes podem ser classificados em:
Macronutrientes: necessários em grande quantidade – água, proteínas, lípidos, hidratos de carbono e fibras.
Micronutrientes: necessários em pequenas quantidades – vitaminas e minerais.


Funções dos Nutrientes

Função plástica ou construtora: necessária ao crescimento, formação de células e tecidos, bem como reparação e substituição de células. Esta função é característica das proteínas e de alguns minerais como o cálcio e o fósforo.

Função energética: A energia é essencial para o funcionamento do organismo, para pensar, para andar, correr, para fazer a digestão dos alimentos, para manter a temperatura do corpo, etc. O melhor nutriente para fornecer energia são os hidratos de carbono, seguidos dos lípidos e por fim, em caso de emergência, as proteínas.

Função reguladora: Controlo das funções vitais, contribuição para o funcionamento do organismo, protecção contra doenças e crescimento. Os nutrimentos reguladores mais importantes são as vitaminas, os sais minerais, as fibras e a água.


Energia

A maioria dos alimentos fornece energia ao nosso organismo. A água é o exemplo de um alimento que não fornece energia.
A quantidade de energia que os alimentos nos fornecem depende da sua composição nutricional. O valor energético dos alimentos pode ser expresso em Quilocalorias (Kcal) ou em Quilojoules (kJ).

Cada nutriente fornece uma quantidade específica de energia:
•1g de hidratos de carbono fornece 4 Kcal
•1g de proteínas fornece 4 Kcal
•1g de lípidos fornece 9 Kcal
As vitaminas, os minerais, as fibras e a água não fornecem calorias.

O álcool não é considerado um nutriente, porque não serve para o funcionamento das células, sendo destruído após a sua ingestão. Contudo fornece uma quantidade significativa de calorias (1g de álcool = 7 Kcal).


Recomendações gerais de nutrientes e energia

Uma alimentação equilibrada consegue-se através do correcto fornecimento diário de nutrientes ao organismo. As necessidades nutricionais variam com o género, idade, nível de actividade física e outros factores. As necessidades energéticas em adultos podem variar entre 1500 a 3000 kcal, com os valores mínimos a corresponder geralmente a mulheres e os máximos a homens.

Para o funcionamento adequado do organismo, a energia consumida diariamente deve ser fornecida por diferentes porções de nutrientes energéticos (hidratos de carbono, proteínas e lípidos).

Algumas recomendações
Água: 1,5L a 2L de água por dia.
Fibras: pelo menos 25g de fibras por dia.
Sal: máximo de 5g por dia.

Anoréxicas criticam campanha com modelo de 35 kg



Campanha com foto de Toscani alerta para anorexia
Celeste López - Espanha


"Estamos horrorizadas. Indignadas. Lutar contra a anorexia não é veicular a fotografia de uma mulher nua, com peso de 35 kg, emaciada, exibindo as chagas de herpes e literalmente às portas da morte. Lutar contra a anorexia é bem diferente disso, e muito mais sério. Aquela imagem é totalmente contraproducente e tem por objectivo apenas promover uma marca", diz a paciente Elizabeth Jiménez, 26 anos, que está hospitalizada no Instituto de Distúrbios Alimentares de Barcelona há três meses e não consegue ocultar a sua indignação profunda diante da imagem de uma jovem anoréxica que o fotógrafo italiano Oliviero Toscani registrou para divulgar uma marca de roupas femininas, a No-l-ita.


O sentimento é comum entre os 40 pacientes (dos quais apenas um homem) que compartilham de sua ala no instituto e debateram o tema durante uma hora em uma das sessões de terapia conduzidas no centro. Elisabeth, de Alicante, sofre de anorexia desde os 18 anos de idade. Era atleta de competição, disputando torneios de taekowndo, e a sua obsessão por perder "um pouco de peso" e poder competir na categoria 50 kg conduziu-a à sua situação actual.
"Queria perder 3kg e acabei por perder mais de 10. E não demorou muito para que eu passasse a desejar perder cada vez mais peso, até quase perder a vida". Ela garante que sofreu "imensamente" e que passou momentos "tão duros que, por mais que eu tente, não consigo explicar". E justo agora, quando se sente mais forte para encerrar em vitória a sua luta contra a enfermidade, ela encontra "uma fotografia que me faz recordar toda aquela dor. O corpo dela me recorda tanto o estado em que o meu se encontrava, há apenas alguns meses".
A magreza extrema forçou-a a deixar o desporto, retomando os estudos. O perfeccionismo que caracteriza as pessoas que sofrem dessa doença conduziu-a a um desempenho muito eficiente no curso universitário de administração e finanças, com óptimas notas. "ninguém é mais exigente do que o próprio nós". Ela encontrou emprego num banco, mas depois de apenas alguns meses viu-se forçada a abandoná-lo. "Não consegui continuar. Pesava 35 kg (tem 1,63 m de altura), e passava o tempo todo enjoada; não conseguia nem mesmo manter uma conversa concentrada, ou ler. Foi um período de imensa angústia para mim".

Jiménez diz que não consegue compreender a modelo que posou para o anúncio, nem o fotógrafo que registou as imagens e a marca que as está utilizando para fins de publicidade. E pela simples razão de que "isso não equivale a lutar contra a anorexia. As minhas companheiras e eu acreditamos que seja o contrário, aliás, e que o anúncio a fomente. As pessoas saudáveis decerto sentirão repulsa, mas posso garantir que, para uma mulher doente de anorexia, aquela imagem pode passar a representar um objectivo a ser atingido. Somos muito competitivas e, para nós, perder peso é um grande desafio".

Jiménez passou por diversas internações nas unidades de psiquiatria de um centro hospitalar. "Mas quando me internavam, eu ganhava peso, ou seja, o aspecto físico da enfermidade era tratado, mas não o psicológico", o que fazia com que ela passasse por recaídas depois de cada internação. Até que um dia ela foi levada quase morta ao hospital, com pressão arterial perto do zero. "Daquela vez, achei que tudo tinha chegado ao fim".
Porque passou por tantas experiências dolorosas a esse ponto, ela está convencida de que a campanha da No-l-ita não ajuda em nada na luta contra a anorexia. Mas aprova iniciativas como a de proibir que modelos com peso abaixo de um mínimo desfilem profissionalmente nas passarelas. "Sei que é muito difícil compreender para pessoas que não sofram da mesma enfermidade que eu, mas o ponto é que se uma moça vê um vestido tamanho 32, fica obcecada por emagrecer a ponto de caber naquela roupa. O objectivo? Ficar o mais parecida possível com as modelos que desfilam aqueles trajes".

Depois de três meses de internação no instituto, Jiménez, que vive em Alicante, agora está enfim preparada para voltar à vida quotidiana. De facto, já começou a fazê-lo, e está a dormir na sua casa todas as noites. "Eu já me recuperei, quanto ao peso. Mas a questão psicológica é coisa bastante diferente. Creio que esteja passando bem, mas é preciso avançar passo a passo", diz ela, com cautela. Reconhece ter medo de voltar a enfrentar a questão da alimentação, fora do instituto, mas acredita que será capaz de superá-lo, em breve. "Aqui ensinam-nos a viver com objectivos. Quero trabalhar, quero ser mãe...".


Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME

07 dezembro, 2009

Nunca (nem) oito nem oitenta; Obrigatório ver!

O "oito" (...)




(...) E o "oitenta"

Jovem brilhante morreu devido a anorexia (UK)

"Tive conhecimento desta triste notícia pelo blogue da Vanessa Marsden, médica psiquiátrica e investigadora . A notícia original pode ser lida no Mail online, foi publicada há 15 horas e recebeu até agora 193 comentários.
É uma má notícia mas é também um alerta para a mortalidade causada pela anorexia e bulimia. Porque sabemos que a doença ataca jovens com diferentes perfis.



Alice Rae "tinha tudo para ser feliz" (diziam, dizem), era inteligente (e por isso devia pensar e agir correctamente, pensam), atingiu níveis muito elevados de excelência e de perfeição, era sociável tinha amigos e amigas, página no Facebook, tinha futuros promissores, etc.
Chamava-se Alice Rae, tinha 18 anos sofria de anorexia e bulimia durante os últimos 2 anos. Tinha sempre sido uma aluna brilhante, com classificações máximas e tinha sido aceite para entrar na prestigiada Universidade de Cambridge para estudar economia. Vivia com os pais Christine e Peter. Tinha três irmãos: William, Tom e Georgina. "Era uma jovem encantadora, amorosa, bonita, inteligente extraordinariamente dotada." Os pais "tinham muito orgulho nela". "A Alice era muito inteligente, feliz, participante activa na comunidade escolar com um enorme potencial. A sua morte chocou-nos a todos" . Algumas semanas antes de falecer tinha sido admitida num hospital com níveis de potássio no sangue que punham a vida em risco, mas tinha tido alta poucas horas depois. [ Este caso dramático está a motivar também discussão no Reino Unido sobre a qualidade dos serviços públicos de saúde prestados aos doentes com anorexia e bulimia.] "

In esqueciaana.blogspot.com

Vídeo: Obesidade Mórbida

28 novembro, 2009

O que são alimentos biológicos?



Apesar de serem mais caros e de nem sempre serem fáceis de encontrar, os alimentos biológicos estão cada vez mais na moda. E mesmo que as pesquisas relativamente aos seus efeitos benéficos na saúde continuem largamente por fazer, o certo é que o facto de estarem livres da grande maioria dos químicos presentes nos alimentos ditos ‘normais' faz com que a aposta neles seja cada vez maior, tanto da parte dos produtores como dos consumidores.
Tecnicamente, o modo de produção biológico é um sistema de produção de base ecológica, que recorre ao uso de boas práticas agrícolas tendo em conta a melhoria da fertilidade do solo, o equilíbrio e a diversidade do ecossistema agrícola e a qualidade ambiental, bem como o bem-estar animal e a saúde humana. A agricultura biológica não usa pesticidas ou fertilizantes químicos, antibióticos, hormonas de crescimento ou aditivos alimentares. Os alimentos bio também não são geneticamente modificados.
Para proteger os consumidores a legislação comunitária definiu critérios para a classificação dos alimentos como biológicos, os únicos a poderem ostentar o símbolo da UE de ‘Agricultura Biológica'. Este dá-lhe garantias mínimas de qualidade, no entanto, ainda não é obrigatório pelo que poderá haver alimentos bio que não o ostentem. Adquiri-los em locais referenciados e saber decifrar os rótulos faz pois toda a diferençana hora da compra.


Deve saber que...

... ser de origem biológica não significa que um alimento esteja completamente isento químicos mas sim que foi sujeito a parâmetros mais exigentes no que respeita aos que são permitidos e ao seu conteúdo máximo.

... um alimento produzido de forma biológica poderá ainda assim apresentar químicos proibidos provenientes de contaminação acidental dos solos (culturas convencionais anteriores ou de terrenos adjacentes) ou do ar, mas serão, por norma, residuais.

...frutas e legumes cultivados sem químicos terão em princípio um valor nutricional mais elevado, com mais vitaminas, mais minerais e mais anti-oxidantes embora ainda não existam dados científicos conclusivos sobre isto.

...comer bio pode não ser ecológico. Como? Comprar tomates biológicos vindos da Austrália pode ser bom para a sua saúde mas o impacto ambiental do transporte até à sua mercearia é muito negativo. Se quiser pensar no planeta poderá até ser mais sensato comer um alimento não bio produzido localmente do que bio vindo de longe. O ideal será, claro, bio local.

Maus hábitos que podemos manter



Cuidado com a linha. Com a saúde. Ai que comer isto faz mal. Não digas isto. Não faças assim. A nossa sociedade de superinformação passa-nos mensagens que nem sempre sabemos ‘digerir’, e a nossa necessidade de prazer entra em colapso. Mas afinal, o mundo não tem de ser tão negro assim.

E se de repente deixássemos de ter um ‘patrão' interior e decretássemos a liberdade de princípios? Já podíamos: (...)

- Ver televisão - Pois, toda a gente diz que estamos a ficar insensíveis, acomodadas, balofas, sem vida familiar e com filhos parvos devido ao maldito vício do sofá. E é verdade. Mas quem não chega a casa e vê uma telenovela, um concurso, uma série, umas notícias, que atire o primeiro comando. O pior e o melhor do mundo estão na televisão: aproveite o melhor. Já está sobejamente estudada a forma como a televisão nos devora os neurónios, mas já alguém estudou os anos de sanidade que nos preservou? Quantos de nós não chegámos a casa de rastos e nos animámos com qualquer coisa que vimos na televisão? E nem sequer é só uma questão de evasão. Quantas vezes um programa nos instruiu, nos fez rir, nos fez pensar, nos tornou pessoas melhores, mais cultas, mais sensíveis, mais atentas? Cada vez menos? Talvez, mas é uma questão de saber escolher. Ah e desligue a televisão à hora do jantar... E não se encher de bolinhos enquanto vê a Oprah.

- Comer chocolate - Está na moda apregoar as virtudes do chocolate - e com razão. Desde magnésio até polifenóis e vitamina E, o chocolate é um poderoso antidepressivo e há mesmo investigações a jurarem que ele ‘imita' muito bem os efeitos de uma paixão. Por isso, mais vale comer chocolate do que ficar no sofá a chorar porque o Zé Carlos a trocou pela lambisgóia da Sandra Patrícia. Mas cuidado: todos estes estudos se referem ao chocolate preto. Preto! Aquele com pouquinho açúcar! Não os bombons com licor nem as tabletes com três camadas de nougat e caramelo onde afogamos as mágoas. E mesmo o preto, é para comer um quadradinho por dia. Não uma tablete inteira. Enfim, é melhor que nada. Ah, já agora: não o partilhe com o seu cão. É que para eles sim, o chocolate é um veneno e não há aeróbica que os salve.

- Pensar primeiro em si própria - Como dizia Rui Zink, as crianças precisam de pais egoístas: se não está de bem consigo, não vai ter nada para dar às suas crianças. A psicanalista suíça Corinne Maier, autora do ‘bestseller' ‘No Kids', fala da enorme pressão que hoje sofrem as mães para serem super-mães, e já afirmou que "bons pais precisam de cultivar uma certa indiferença em relação aos filhos", ou seja, o excesso de preocupação materna priva a criança da liberdade necessária para crescer e ainda torna os pais angustiados pela falta de tempo para si próprios.

- Dormir a sesta - Somos o país com mais falta de sono, e no entanto, na nossa cultura, quem se deita às 10 da noite é mais troçado, insultado e desprezado do que alguém com um sério defeito de personalidade. Ir cedo para cama significa que a pessoa troca ir para os copos, estar na net, desenvolver um caso com o Rodrigo da contabilidade, ter sexo selvagem com algemas de veludo vermelho ou fazer bolo de chocolate com pepitas por... dormir. No léxico português, dormir ainda equivale a não fazer nada. E dormir a sesta então atinge grau muito mais elevado de insanidade, sendo que em vez de se gastar a noite, desperdiça-se logo de uma assentada uma preciosa tarde inteira! Depois estranham que os portugueses sejam o povo europeu que mais gasta dinheiro em comprimidos para dormir. Afinal, dizem todos os estudos, dormir é do melhor que há. A saúde humana assenta em três pilares: alimentação, exercício e sono. Uma simples sesta de 20 minutos aumenta a produtividade, a memória, a concentração e, dizem os estudos mais recentes, protege o coração! Porquê? É que o sono, a qualquer hora do dia, actua como uma válvula de escape para o stresse. A sesta funciona, assim, como uma poderosa protecção. Por isso, deite-se e durma sem remorsos, quando e quanto lhe apetecer. Ainda lhe vai restar muito tempo para viver bem a vida.

- Ser stressada -
Há stresse mau, mas pode haver também stresse bom. Em pequenas doses dá energia à nossa vida, mantém-nos alerta, melhora a capacidade de memória e de raciocínio, e ajuda-nos a completar tarefas difíceis. São as hormonas e os químicos que nos gritam ‘foge, idiota!' que nos ajudam a ter o relatório pronto, o exame feito, um dia difícil bem resolvido. O stresse não é só o assassino silencioso do costume: também pode dar sal à vida e ajudar-nos a resolver tarefas para que precisamos do nosso potencial máximo. No tempo da pré-história, o nosso potencial máximo era posto em prática quando o bisonte vinha atrás de nós. Hoje em dia, na falta de bisontes (ou pelo menos, dos bisontes das pradarias) pomos todo o nosso melhor nas nossas tarefas mais difíceis, seja ter um filho ou realizar um teste difícil. Em resumo, ontem como hoje, o stresse existe para nos ajudar a sobreviver. Claro que é um bom criado mas um mau patrão: se deixarmos que nos comande a vida, estamos feitas. Se soubermos servir-nos dele, pode manter-nos alerta. É a diferença entre um desastre de automóvel e uma montanha-russa...

- Ser imperfeita - Ensinaram-nos desde pequeninas (e se não nos ensinaram, aprendemos sozinhas mesmo) que tínhamos de ser boas em tudo: excelentes mães, esposas irrepreensíveis, namoradas sensuais, cozinheiras melhores que a Maria de Lurdes Modesto e com medidas de fazer inveja à Gisele Bundchen. Ah, e se possível louras. Espertas. Com sentido de humor. E o software do kamasutra incluído. E energia para sair à noite. Se tivéssemos alguns defeitos, seriam poucos e escolhidos, assim tipo a teimosia, que toda a gente acha que é, porque toda a gente acha que não é defeito nenhum. Sabe que mais? É humanamente impossível e se pensarmos bem, nem sequer é desejável. Que graça teria uma pessoa perfeita? Afinal, são as nossas pequenas imperfeições que nos tornam quem somos. Há quem diga mesmo que são as nossas pequenas imperfeições que tornam possíveis as nossas (grandes) perfeições. Por isso, seja imperfeita. Claro que convém que os defeitos não lhe arruínem a vida nem a dos outros. Tirando isso, força. Seja um bocadinho gulosa. Ligeiramente estrábica. Com tendência para acordar mal disposta. Para se rir quando não deve. Para deitar demasiada pimenta na salada. Para ser vingativa. Não, não perdoa, e depois? Ria-se muito de si própria, e tudo estará bem.

- Beber pouca água - Sim, precisamos de água para viver e convém andarmos bem hidratadas, mas também não é preciso andar a engolir três litros de água por dia como se fosse um remédio. Um estudo da BBC sobre os alimentos provou que, se comermos alimentos ricos em líquidos - frutas, legumes, sopas, chás - não era preciso andar sempre de garrafinha atrás. Há um bom esquema: se trabalha sentada, sempre que se levantar para esticar as pernas beba um copo de água. Se faz desporto, tem de beber mais água para repor a que perdeu, mas também não é preciso afogar-se, e lembre-se que, quando perde água, perde também sal. Se já bebe água (porque gosta), continue. Os rins têm capacidade para processar até 15 litros diários, e é pouco provável que se beba tanto litro num só dia...

Testemunho: "A anorexia estava a destruir a minha vida"

Laura passava horas em frente ao espelho e sentia-se um monstro. Chegou a pesar 32kg e ameaçou suicidar-se. Histórias de luta de um pai e de uma jovem e o perfil que os especialistas traçam do distúrbio alimentar que também mata em Portugal.



José Delgado, 48 anos, viu definhar de dia para dia o corpo e o sorriso da filha mais nova, Sofia. Ainda hoje, com a quase completa recuperação, não sabe dizer o que levou a menina de então 11 anos (hoje tem 18) a olhar para o seu corpo magro ao espelho e a dizer que o odiava, a esconder comida, a recusar refeições, a bater no estômago vazio para ver se ele abatia ainda mais, a pensar em suicídio.
O alerta soou depois da família ver uma reportagem sobre anorexia nervosa, onde reconheceu alguns dos sintomas da filha. 'A Sofia fazia mais de 200 flexões diárias, subia e descia as escadas várias vezes ao dia, ia a pé para a escola. Chegou a pesar 32 quilos e a não conseguir andar sem ser amparada', recorda. 'O despoletar da doença na Sofia parece ter estado ligado a uma mudança de turma onde não foi bem recebida.' Apesar de muita gente lhe chamar 'mania', a anorexia nervosa é um distúrbio alimentar que pode levar à morte. Estima-se que as taxas de mortalidade da doença se situem entre os 10% e os 15%; o suicídio ronda os 2,5%, segundo dados da Associação de Familiares e Amigos de Anorécticos e Bulímicos (AFAAB). 'A minha filha chegou a dizer-me que se suicidava. Isso mexe muito com um pai. Nessas alturas, dizia-lhe que, se isso acontecesse, iríamos ficar muito mal, mas que quem tinha mais a perder era ela.' Na pior fase da doença, a jovem ficou acamada em casa, em regime ambulatório, durante três meses. 'Foi muito desgastante, porque é preciso muita firmeza. É preciso assegurar que o horário das refeições é cumprido. Ela não queria comer; perguntava constantemente se não achava que estava mais gorda. Perdi um mês de ordenado, mas valeu a pena.'


Anotava tudo o que comia num caderno

Laura, tem 26 anos e é filha de imigrantes portugueses na Alemanha, onde vive. Passou a adolescência a confrontar-se com a anorexia e bulimia. 'Estava a destruir a minha vida', confessa. Aos 14 anos, angustiada por um corpo que mudava contra a sua vontade, tornou-se bulímica. 'Passava horas em frente ao espelho, a observar a silhueta 'deformada'. Anotava tudo o que comia num caderno. Nessa altura não tinha muitos amigos', conta. Tapava o vazio emocional com comida. Depois, vinham os acessos de culpa em que sentia 'suja e cansada, um monstro pré-histórico devorador', e vomitava tudo. 'Assustei-me com este comportamento estranho e não voltei a fazê-lo durante muito tempo', relembra. 'Aos 16 anos, entrei na minha fase de anorexia. Perdi quilo atrás de quilo, fumava dois maços de tabaco por dia, a minha dieta diária baseava-se em coisas como uma bolacha, duas maçãs, uma batata com couve-flor ou uma sanduíche.' O namorado, os pais e o médico convenceram-na a tratar-se. 'Fui internada numa clínica durante quatro meses. Pesava 41kg e media 1,64m. As primeiras duas semanas custaram-me muito. Era proibido contactar com qualquer pessoa fora da clínica; só podia fazê-lo por carta. Tomava as refeições no meu quarto, na presença da terapeuta, que só saía uma hora depois para não ter a hipótese de vomitar. Se não comêssemos o suficiente, obrigavam-nos a beber um líquido com muitas calorias. As raparigas com os casos mais difíceis de tratar tinham de ser internadas num hospital, com recurso a tranquilizantes e alimentadas artificialmente. Na terapia confrontavam-me com a insensatez do meu comportamento face à comida, os meus ideais exigentes e irrealistas, o meu comportamento com a minha família. Tinha terapias de família, de grupo e individuais. Ao fim de dois meses pude visitar os meus pais e eles vinham ver-me aos fins-de-semana. Saí da clínica com 54kg, mas não totalmente curada.'
A recaída deu-se em 2001, quando não conseguiu entrar no ambicionado curso universitário e teve mais crises de bulimia. No ano seguinte entrou na faculdade e começou a trabalhar. Foi a obsessão pelo estudo que a salvou, diz. 'Hoje, tenho 56kg. Gosto de mim, de me ver ao espelho, não tenho balança em casa porque não a quero que ela domine a minha vida.'



Elas sofrem mais


A anorexia nervosa afecta, sobretudo, raparigas adolescentes, mas pode ocorrer nas mais variadas idades. 'Cada vez há mais mulheres de 40 e até 60 anos a sofrer disto', confirma José Delgado, responsável pelo núcleo de Lisboa da AFAAB. 'Também aparecem mais crianças com a doença. A mais nova que tivemos em consulta tinha 8 anos', conta Abel Matos Santos, psicólogo clínico do Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar do Hospital de Santa Maria.
Também há rapazes anorécticos a proporção, a nível internacional, é de um rapaz para dez meninas; em Portugal, a diferença é de 0,3 meninos para dez raparigas, segundo o psicólogo. 'A característica mais comum da anorexia é a perda de peso, associada a uma gradual mudança de comportamento. A perda de peso é lenta mas progressiva e, normalmente, tem início com uma dieta normal, podendo também ocorrer de forma brusca. As tentativas de diminuir ou acabar com a restrição costumam ser encaradas com muita resistência.' Quanto mais peso perdem, mais medo têm de o voltar a ganhar e continuam a recusar comer, mesmo quando o corpo começa a traí-los. Aos poucos, perdem a alegria e o contacto com os amigos porque evitam sair de casa.


Disciplinadas, organizadas e boas alunas

'Algumas causas para a anorexia nervosa ainda são desconhecidas, mas a personalidade da rapariga, a forma de relacionamento com a família e eventuais problemas fora de casa, sobretudo na escola, podem desencadeá-la', explica Abel Matos Santos. 'A predisposição genética, ou seja, haver na família alguém que sofra da mesma doença, pode aumentar o risco de se vir a sofrer dela', explica ainda o psicólogo. 'Estas raparigas caracterizam-se por serem conformistas, disciplinadas e trabalhadoras. Comparativamente a outras meninas da mesma idade, tendem a ser mais sensíveis, obsessivas, organizadas e muito meticulosas. Estas características costumam marcar presença antes de sofrerem anorexia e acentuam-se com o desenvolvimento do distúrbio.' A AFAAB alerta, no seu site, para outros factores de risco: podem ter sido jovens que no passado tenham lutado contra o excesso de peso ou obesidade, vítimas de um trauma físico ou sexual no passado e, muitas vezes, têm ou aspiram a ter profissões que enfatizam um ideal de corpo magro (bailarinos, actores, modelos ou desportistas). José Delgado acrescentar-lhe-ia outros traços: quase todos os anorécticos são excelentes alunos e demonstram uma maturidade precoce. 'A minha filha não teve adolescência; passou da pré-adolescência à idade adulta. E hoje está numa fase em que os colegas da idade dela são putos que não cresceram.'


Escondem comida, mentem, fazem muito exercício

Na sua luta de sete anos, José Delgado aprendeu muita coisa. 'É preciso estarmos muito atentos aos momentos em que eles querem falar connosco, porque são poucos e são muito subtis a demonstrá-lo. Aprendi que a educação que demos aos nossos filhos não tem nada que ver com a doença há muitos pais que se culpabilizam que os nossos filhos precisam de segurança e firmeza; que, num distúrbio alimentar como este, a comida não é o essencial. Como diz Daniel Sampaio, a comida já está na mesa, não é preciso falar sobre ela. Aprendi a desligar a televisão à hora das refeições. Quantas vezes a minha família esteve toda à mesa e a Sofia não comeu o que estava estipulado, mas existiu diálogo.' Para um anoréctico, esta é a hora de todas as angústias. Sentir-se pressionado a comer só piora tudo. Familiarizou-se depressa com as estratégias da filha para escapar ao controlo. 'Começam a vestir muita roupa, escondem a comida. É preciso estarmos atentos para ver se eles fazem demasiado exercício, se acordam de madrugada para isso. Fazem muitas perguntas para nos testarem acerca do peso. A minha filha atirava-se para o meu colo para ver se eu vacilava e se estava mais pesada. Em algumas fases da doença mentem muito.' Mas há sinais ainda mais subtis. 'Os irmãos mais novos e os animais de estimação engordam de repente. À refeição, começam a partir a comida em bocados muito pequenos e pô-los à borda do prato, para parecer que já comeram o suficiente. Mastigam muito os alimentos e armazenam--nos nas bochechas para os deitarem fora.'


Há pais com vergonha de sair de casa

Foi por pensar que a partilha da sua experiência poderia ajudar na cura dos filhos que José Delgado se envolveu na associação. 'São mais as pessoas que nos telefonam com dúvidas do que aquelas que participam nas reuniões de pais. Ainda há muita vergonha e medo de falar sobre a doença. Há quem não saia de casa porque tem vergonha dos filhos ou porque não querem perguntas de vizinhos e família. Só fecham mais o ciclo de isolamento da família. Alguns pais adoecem com depressões. Há casos de rupturas familiares quando as pessoas não aguentaram a carga.' Hoje, um grupo de pais reúne-se todas as quartas--feiras, com dois psicólogos, para procurar respostas e falar de anorexia. 'É uma doença de tratamento difícil e lento, no mínimo três anos', diz José Delgado. 'Cada pequena conquista é um milagre. Existem sempre perigos de recaída. É uma das nossas maiores angústias. 'Só alguns casos tendem a ser crónicos', observa Abel Matos Silva. 'A maior parte das doentes fica curada ou têm uma vida normal, apesar de manterem traços da doença.' O primeiro passo no tratamento é também o mais difícil de dar, diz o médico. 'Antes de tudo, é preciso que a doente admita ter um problema.
Normalmente, é a família que a leva ao médico, dado que a própria se recusa a aceitar a gravidade da situação. O tratamento pode incluir psicoterapia individual, de grupo e familiar, aconselhamento nutricional e medicação e, nos casos mais graves, o internamento um índice de massa corporal inferior a 15 já o sugere.'


Sinais de alerta
O psicólogo Abel Matos Santos diz-nos ao que é preciso estar atento.
FÍSICOS: Perda visível de peso, dificuldade em dormir, dores de barriga, perda de cabelo, sensação de frio constante, menstruação irregular ou inexistente, perda da força muscular, dores de cabeça, tonturas e desmaios, palidez, lanugo (penugem em todo o corpo).
PSICOLÓGICOS: Sentir-se gorda, apesar de estar muito magra, depressão, irritabilidade e mudanças repentinas de humor, procura do perfeccionismo, isolamento social, obsessão por comida, calorias e receitas, dificuldade de concentração, auto-estima determinada pela ingestão de alimentos, culpa ou vergonha ao alimentar-se.
COMPORTAMENTAIS: Prática excessiva de exercício, cozinhar para outros e não comer, recurso ao vómito forçado; uso de laxantes, diuréticos, clisteres e comprimidos para a perda de peso, desculpas constantes para não comer, pesagens muito frequentes, uso de roupas largas, cortar a comida em pedacinhos, mordiscar os alimentos.


Cristina Correia, ACTIVA - 27 Outubro 2009

20 novembro, 2009

Os 9 mitos da alimentação

1. O PÃO ENGORDA?

É falso dizer que o pão engorda e que quem está a fazer dieta não o deve comer. Este alimento fornece cerca de 250 kcal/100 g e, como qualquer alimento, deve ser comido com moderação. O grande problema não é o pão por si só, mas sim o que lhe juntamos. Para se ter uma ideia... 10g de manteiga têm aproximadamente 90 kcal. Também não é verdade que o pão integral engorde menos que o pão branco, pois fornece sensivelmente as mesmas calorias. Mas o pão integral (ou mistura, centeio, 7 cereais) é nutricionalmente mais rico do que o pão branco, fornecendo vitaminas, minerais e fibra alimentar que, conforme referido, são nutrientes fundamentais na nossa alimentação.

2. SEM CARNE NÃO TEMOS VITALIDADE?

É um erro comum dizer que é preciso ingerir muita carne, de preferência um bife, para se ter energia. Teresa Branco diz que "é necessário ingerir carne, mas não é através de uma ingestão em demasia que eu vou ter mais energia disponível. Esta ingestão em demasia só servirá para armazenar uma grande quantidade de gordura saturada". Já Francisco Varatojo lembra que os macrobióticos têm vitalidade sem comerem carne e que vão buscar as proteínas e outros nutrientes às leguminosas como o feijão e o grão, por exemplo.

3. O LEITE DÁ-NOS OSSOS FORTES?

"Não há nada que confirme que é preciso beber leite para ter ossos fortes", sublinha Francisco Varatojo. O macrobiótico lembra que é nos países ocidentais, onde se consome mais lacticínios, que se registam mais fracturas ósseas e casos de osteoporose e que os orientais têm um esqueleto mais resistente e consomem menos produtos lácteos. Uma das explicações deve-se ao facto de os lacticínios terem muita proteína que acaba por eliminar o cálcio em vez que o segurar. Para reforçar as vitaminas A, E e D também se aconselha uma exposição solar de 15 minutos diários e a ingestão de alimentos como vegetais de folha verde, hortícolas, frutos vermelhos ou laranjas, peixes gordos e ovos.

4. OS PRODUTOS LIGHT OU MAGROS FAZEM EMAGRECER?

Alexandra Bento desmistifica esta ideia. Apesar de "teoricamente terem menos calorias do que os produtos não 'light', não quer dizer que se possa comer a quantidade que se deseja sem engordar". E chama a atenção para a necessidade de estarmos atentos aos rótulos dos alimentos: "Muitas vezes, os fabricantes retiram a gordura, mas substituem-na por outros ingredientes que podem apresentar calorias e por isso o valor energético do produto final pode não ser muito inferior ao do produto convencional."

5. AS BANANAS ENGORDAM?

Uma banana pequena tem as mesmas calorias que uma maçã ou uma laranja, Não há fruta que engorde mais do que a outra, só é preciso ter em atenção as quantidades. Na fruta, transformada em sumo, a vitamina C degrada-se e os açúcares naturais (frutose) são consumidos de forma mais concentrada e provocam mais cáries dentárias.

6. A ÁGUA ÀS REFEIÇÕES ENGORDA?

Diz-se que não se deve beber água às refeições ou durante os esforços físicos, mas é um mito. Sem o nutriente água, não existe uma boa hidratação e nada funciona. No entanto, como refere Francisco Varatojo, também não faz sentido nenhum dizer que para sermos saudáveis precisamos de beber três litros de água por dia. E a água da torneira é mais equilibrada em minerais essenciais para a saúde que a mineral engarrafada.

7. PEIXE NÃO PUXA CARROÇA?


É falso dizer que o peixe não alimenta. Segundo Alexandra Bento, "o peixe é mais facilmente digerido do que a carne e uma fonte de proteínas de elevada qualidade", tendo um teor de gordura mais reduzido. Além disso, acrescenta: "As gorduras do peixe são mais saudáveis. O peixe gordo, como a sardinha, o salmão, o arenque, apresenta ómega 3, ácidos gordos que parecem apresentar muitos benefícios para a saúde." Uma das formas de atrasar a digestão do peixe, é acompanhar a refeição com outros alimentos de digestão mais demorada, nomeadamente vegetais folhosos, como as couves e leguminosas como ervilhas, feijão, grão-de-bico, lentilhas...

8. O AZEITE É UMA GORDURA SAUDÁVEL E POR ISSO ENGORDA MENOS?
O azeite, apesar de ser uma gordura saudável, engorda tanto quanto as outras gorduras. Cada 100 g de azeite fornece-nos 900 kcal. Por isso o azeite deve ser utilizado com conta, peso e medida. Mas que se prefira azeite a outras gorduras saturadas como os óleos. É que o azeite tem outras vantagens nutricionais, já que é rico em antioxidantes, diminui os níveis de colesterol e contribui para a diminuição do risco de doença cardiovascular e determinados tipos de cancro.

9. HÁ ALIMENTOS BONS E ALIMENTOS MAUS?

"Do ponto de vista da nutrição, não há alimentos bons, nem alimentos maus", sublinha Alexandra Bento. Qualquer alimento pode fazer parte de uma alimentação equilibrada e por isso o conselho para se ter uma alimentação saudável é variar o mais possível. Mesmo os alimentos ricos em gorduras ou em açúcar, que são apontados como pouco saudáveis, não devem ser banidos da alimentação de uma pessoa saudável, mas ingeridos com conta, peso e medida.


O que comer em cada idade

A alimentação deve adaptar-se à idade e estilo de vida de cada um. Conheça o menu ideal para crianças, adolescentes, atletas, grávidas, adultos e idosos.

CRIANÇA



Mal nascemos, o nutriente essencial é o leite materno: "Os bebés devem mamar e isso chega-lhes", lembra a endocrinologista Isabel do Carmo, que aconselha a que o passo seguinte seja a "diversificação alimentar, experimentando a pouco e pouco os sabores". O leite é importante para o crescimento, mas há que não esquecer os riscos, uma vez que "é um dos principais alergénicos", lembra o nutricionista britânico Patrick Holford. No seu livro "Alimentação Ideal para Crianças Inteligentes", Holford sugere pequenos-almoços de papas de aveia ou muesli com frutos secos em leite de soja ou de quinoa ou pães escuros com ovos mexidos. Para o almoço ou jantar porque não um peixe com puré de batata e brócolos ou um guisado com grão e vegetais variados? Alexandra Bento, presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, elege também os legumes e os cereais pouco refinados como os principais alimentos a ingerir entre os 2 e os 10 anos: "Dão resistência e saúde, fazem crescer, constroem o esqueleto e estimulam a atenção". E recomenda um menu diário que inclua meio litro de leite, pão a todas as refeições "nas quantidades adequadas aos gastos energéticos", sopa e hortícolas sempre no prato. Para convencer os mais pequenos, o segredo é "escolher os mais coloridos". Claro que os frutos ricos em vitamina C, o peixe (sobretudo o gordo, rico em DHA e ómega 3) e a carne (não mais de 50 gramas três ou quatro vezes por semana) também fazem parte do menu. Para Francisco Varatojo, do Instituto Macrobiótico, a carne é dispensável. Podemos ir buscar as proteínas a outros alimentos: "Não há diferença entre os aminoácidos de um bife e os do feijão". O açúcar e o sal estão banidos e os doces devem ser guardados só para os dias de festa.

ADOLESCENTE



Quando se chega à pré-adolescência e à adolescência "o desenvolvimento é explosivo e a alimentação nestas idades exige maiores quantidades" de comida, refere Alexandra Bento, que lembra que "rapazes e raparigas precisam de mais 10% a 30% de calorias que um adulto". Mais uma vez (e os jovens aprendem-no na escola) a alimentação deve seguir os princípios da Roda dos Alimentos: "Ser equilibrada, com riqueza em hortofrutícolas e produtos cerealíferos, com parcimónia de gorduras e doces e respeitando o horário das refeições. Desta forma, o apetite e a saciedade ficam bem regulados", refere a presidente da associação de Nutricionistas. Por seu lado, Isabel do Carmo diz que os adolescentes devem "reforçar os lacticínios (três copos de leite por dia pelo menos, podendo substituir um copo de leite por dois iogurtes" E, "se não for obeso, o adolescente pode comer fruta à vontade".

ATLETA



Os desportistas têm uma actividade física muito superior à média das pessoas ditas activas, e por isso devem consumir muito mais calorias e nutrientes. Mas "temos que distinguir o tipo de esforço de cada um", sublinha Cláudia Minderico, nutricionista no Centro de Alto Rendimento do Instituto do Desporto de Portugal. Daí que aos maratonistas recomende maior quantidade de proteínas e hidratos de carbono: adequa-se uma dieta à base de massa, arroz branco ou batata com casca, pois "vão buscar 75 a 80% da energia que consomem aos hidratos de carbono". Já um velocista precisa "de glicose depositada no músculo e pouca gordura". Daí a importância dos cereais integrais e das leguminosas. Por seu lado, o futebolista deve ter uma dieta alimentar mista, que junta aos hidratos de carbono, o feijão, o grão e outras leguminosas e vegetais, "de preferência cozinhados para serem de mais fácil digestão". Não esquecer a água. "Sem uma boa hidratação nada funciona", conclui.

GRÁVIDA



"A grávida deve fazer uma dieta isocalória, isto é, comer tanto em termos de calorias como aquilo que gasta. Nem de mais, nem de menos", aconselha Isabel do Carmo. Segundo a endocrinologista, também não deve esquecer a fruta, os vegetais e os lacticínios. O reforço de calorias nesta fase da vida também é defendido por Alexandra Bento: "A grávida necessita de um pouco mais de calorias provenientes de hidratos de carbono e de nutrientes reguladores e plásticos como proteínas, ácidos gordos essenciais, vitaminas e fibra." Não esquecer a importância de minerais como o cálcio, o ferro ou o ácido fólico (que ajuda a prevenir a espinha bífida). Para evitar as estrias deve comer alimentos ricos em zinco, como frutos secos, peixe, ervilhas e ovos e fruta rica em vitamina C, para fabricar colagénio que também ajuda a evitar as varizes, refere Patrick Holford, no livro "Alimentação Ideal para Grávidas".

ADULTO



Os crescidos também devem seguir a Roda dos Alimentos e reforçar as quantidades de cereais, legumes e hortaliças. A nutricionista Teresa Branco sugere pão escuro, peixe e vegetais: "O pão com fibra permite-nos obter hidratos de carbono de elevada qualidade nutricional, sem elevar em demasia o nosso açúcar sanguíneo (glicemia)". Os vegetais fornecem-nos vitaminas, minerais e fibra em grande quantidade. E o peixe (designadamente a sardinha, o atum, o salmão ou a cavala) "é uma excelente fonte de proteínas, de gordura saudável (ómega 3) e de vitaminas. Contém vitaminas do complexo B (essenciais para o funcionamento do sistema nervoso) e A, D, E e K ("que contêm elevado teor de iodo, essencial ao bom funcionamento da tiróide"). Meio quilo de legumes ou fruta por dia e não mais de 200 gramas de carne ou peixe, completam o menu, segundo Alexandra Bento. Aos cinquentões, Isabel do Carmo aconselha a dispensa de "gorduras". Esqueçam fritos e molhos.

IDOSO



"O idoso muitas vezes não come o suficiente e esquece a carne porque mastiga mal. Deverá comê-la sob a forma de hambúrgueres, almôndegas ou empadão", lembra a endocrinologista Isabel do Carmo. À ementa dos mais velhos acrescenta a fruta cozida e suplementos de vitaminas e sais minerais. Alexandra Bento, por seu lado, chama a atenção para o facto de muitos idosos estarem isolados, com dificuldades financeiras e sem apoio familiar, passando refeições ou espaçando-as demasiado. Por isso aconselha: "Devem evitar refeições demasiado próximas ou afastadas e optar por intervalos de cerca de três horas". Por outro lado, "os pratos devem ser pouco volumosos e muito fáceis de digerir e de mastigar". Francisco Varatojo também reforça a ideia de que "à medida que envelhecemos a comida deve ser mais macia e em menor quantidade". E ironiza: "A energia diminui mas ganha-se em sabedoria."

Kate Moss acusada de promover a anorexia

A modelo afirmou numa entrevista que nada a faz sentir melhor que estar magra, uma frase recorrente nos sites que defendem a anorexia.



Mesmo que não fosse sua intenção, Kate Moss está envolvida em nova polémica. Depois do consumo de cocaína, desta vez a modelo fez perder a paciência aos que lutam contra um dos distúrbios alimentares mais comuns, a anorexia, ao eleger como um dos seus lemas "nada sabe tão bem como estar magra"

A frase, dita numa entrevista dada ao site de moda WWD, é uma das mais comuns publicadas na internet em sítios que defendem a magreza em excesso. Os protestos não se fizeram esperar. O porta-voz da associação Beat, que luta contra a anorexia, considerou muito grave que Kate Moss não se tenha dado conta do "perigo" inerente aos seus comentários. "É muito difícil lutar contra este problema que afecta os jovens e opiniões destas não ajudam".

Por sua vez, os membros da Say No To Size Zero (Diz Não ao Tamanho Zero), organização que recolhe assinaturas para que o parlamento britânico aprove uma lei que obrigue as modelos a passar por controlos sanitários regulares, consideraram as declarações "chocantes" e "irresponsáveis".

Comer bem e viver melhor



Todos ansiamos por mezinhas mágicas que nos tragam saúde e vitalidade. A receita, começa no prato seguindo as regras básicas da tabela dos alimentos. Apostemos a variedade e moderação.
A alimentação deve ser o primeiro medicamento, já dizia Hipócrates, o pai da medicina moderna. E a pertinência desta afirmação não deixa de ser sublinhada nos dias que correm. Queremos receitas mágicas para estar em forma, ter energia física e mental para aguentarmos o stresse do dia-a-dia e fazer em 24 horas o que achamos que só conseguimos fazer em 48 horas. E pensamos que a solução está em socorrermo-nos de frasquinhos ou caixinhas com pós ou comprimidos milagrosos. Mas é melhor pararmos um pouco para pensar e verificar que, se calhar, o primeiro passo começa com uma regra básica: pegar na roda dos alimentos quando elaboramos a lista de compras. Actualizada tem cerca de três anos e faz parte do programa escolar.
A ideia é sublinhada por Alexandra Bento , presidente da associação portuguesa de nutricionistas: “alimentação nas várias fases deve seguir o mesmo princípio: ser saudável, segundo as orientações da roda alimentar”. Olhamos para a pirâmide e vemos que na sua base estão os cereais. É neles que encontramos o combústivel básico para o dia-a-dia. “Os hidratos de carbono são grandes fornecedores de energia”, lembra a fisiologista Teresa Branco, da Clínica Metabólica. A sua ingestão “permite ao cérebro funcionar em plenitude” e a sua ausência “promove o cansaço cerebral e diminui as capacidades cognitivas em qualquer idade”.
Mas se os nossos tecidos, músculos e órgãos necessitam de hidratos de carbono para desempenhar as suas funções em condições, não o fazem sem vitaminas, minerais e proteínas. Ou seja, além do trigo, milho, centeio, aveia, precisamos de fruta, de vegetais (de preferência verdes escuros) e de leguminosas como o feijão, o grão ou as lentilhas para termos uma alimentação equilibrada. Se a estes alimentos acrescentarmos frutos secos, como sugere Cláudia Minderico, do Centro de alto rendimento, obtemos também ácidos gordos essenciais.
A receita é partilhada por Francisco Varatojo, nutricionista e director do instituto Macrobiótico, para quem os cereais integrais, os vegetais e as leguminosas são os três alimentos de oiro de uma dieta alimentar equilibrada e potenciadora de vitalidade. “Devem é ser consumidos a todas as refeições”, sublinha o especialista, que diz não lhe faltar vitalidade nem virilidade apesar de há 30 anos não consumir carne. Não nos devemos esquecer que “as células precisam de açúcar para funcionar e que a melhor glicose é a que vamos buscar ao hidratos de carbono complexos ou integrais que se desdobram lentamente e nos tornam corredores de maratona”, explica Varatojo.
Reza a história que se não fossem os cereais como o trigo-sarraceno os seus hidratos de carbono, os russos não teriam derrotado as tropas de Napoleão. No Leste chamam a este trigo kasha e no Oriente fazem dele uma massa a que dão o nome de soba. As capacidades energéticas deste alimento devem-se à sua riqueza em fibra, magnésio, cobre e manganésio.
Por seu lado, a endocrinologista Isabel do Carmo tem as suas próprias receitas douradas da infância à velhice: “Comer cinco porções de fruta e legumes frescos por dia”, soltos, em acompanhamento ou transformados em sopa. E não esquecer que a variedade é o tempero da vida.
Certo é que nenhum dos especialistas contactados pelo Expresso coloca a carne como sendo um dos três alimentos da lista essencial. E todos falam da importância dos cereais, sobretudo dos integrais, que permitem uma absorção mais lenta da energia, mas que em contrapartida nos dão uma vitalidade mais duradoura.
Além disso, “os alimentos deste grupo proporcionam os hidratos de carbono melhor adaptados aos humanos (os amidos). E fornecem também quantidades apreciáveis de fibra alimentar, vitaminas e minerais”, acrescenta Alexandra Branco. Ou seja, são completos e saudáveis, enquanto o arroz ou o pão branco (fabricados com farinhas finas) “ficam muito desfalcados de minerais e vitaminas, contribuindo para o empobrecimento nutricional da ração”.
Em relação aos vegetais, há regras básicas para que deles obtenhamos as suas propriedades por inteiro: nunca os comprar cortados e pré-lavados. Como conselho final, deixamos uma observação de Francisco Varatojo: “As pessoas querem mezinhas, mas se continuarem com uma vida desalinhada estas receitas não funcionam”.


Revista Única. Expresso #1932 7 de Novembro 2009

14 novembro, 2009

Mentes gordas e almas magras;



Vivemos cada vez mais numa sociedade que se manipula a ela própria. Será a publicidade um espelho da nossa sociedade, ou pelo contrario, será a sociedade um espelho da publicidade que consumimos?
Até que ponto os padrões estéticos ditados pela moda deverão ser aceites por nós?

A moda actual democratizou-se, permitindo que tudo seja aceitável em termos de estilo, desde que seja elegante.
Simultaneamente, nas passerelles assistimos ao desfilar de esbeltos e sensuais modelos negros como Naomi Campbell, louras estonteantes como Claudia Schiffer ou a anórexica Kate Moss, sendo este último modelo de beleza, seguido cada vez mais por jovens do mundo ocidental e consumista. E onde ficam as gordas? Porque não teram elas lugar ao lado das mulheres excessivamente magras? Serão elas visualmente menos agradáveis? Não sei. Cada caso é um caso, depende dos olhos de quem compara, mas acima de tudo da mentalidade de quem se depara com esta dualidade.

Esta pintura é mais que um sistema de cores, formas ou efeitos estéticos, é o transparecer de emoções. Emoções sentidas por mulheres que por um motivo qualquer ocupam mais espaço no Cosmus, o que faz com que se resguardem, se isolem da sociedade da qual fazem parte.

Herbert Vianna - Cirurgia ou Lipoaspiração?

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém,
nem falar do que não sei, nem procurar culpados,
nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo
que toda essa busca insana pela estética ideal
é muito menos lipo-as e muito mais piração?

Uma coisa é saúde outra é obsessão.
O mundo pirou, enlouqueceu.
Hoje, Deus é a auto imagem.
Religião, é dieta. Fé, só na estética.
Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta,
pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção.
Roubar pode, envelhecer, não.
Estria é caso de polícia.
Celulite é falta de educação.

Aquela apresentadora bonita da TV tem muito mais consideração do que a que está ao seu lado? A mulher mais bonita do mundo é aquela que você escolheu e que te ama.
A máxima moderna é uma só: pagar bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.
Imagem, estética, medidas, beleza.

Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria,
o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o colectivo. Jovens não têm mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.

Ok, eu também me quero sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar bonito, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência bonita mas...

Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural.
Não é; Não pode ser.

Que alguém acorde.
Que o mundo mude.
Que eu me acalme...
Que o amor sobreviva.
Pois esse sim, ninguém poderá mudá-lo;
O amor será sempre naturalmente belo e verdadeiro.




'Cuide bem do seu amor, seja ele quem for'.


Herbert Vianna (Cantor e Compositor)

Porque é que a Eva comeu a maçã?

No início, Eva não queria comer a maçã.

- Come - disse a serpente - e serás como os anjos!
- Não - respondeu Eva.
- Terás o conhecimento do Bem e do Mal - insistiu a víbora.
- Não!
- Serás imortal.
- Não!
- Serás como Deus!
- Não e não!



A serpente já estava desesperada e não sabia o que fazer para que a Eva comesse a maçã. Até que teve uma ideia.
Ofereceu-lhe novamente a fruta e disse:
-Come que emagrece...

Então Eva comeu.

Regime de emagrecimento

- Doutor, o que é que eu faço para emagrecer?
- Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para direita e da direita para esquerda.
- Quantas vezes, doutor?
- Todas as vezes que te oferecerem comida.

Fat Girl - True story

"Sou gorda. Não a ponto de não ser capaz de apertar o cinto no avião, mas lá gorda sou. Queria escrever acerca do que significou e significa para mim o facto de ser gorda.(...)Não sou uma activista gorda. Não se trata aqui da necessidade da aceitação de pessoas gordas, embora preferisse que as pessoas magras não me considerassem repugnante.Sei por experiência própria o que é ter sido magra e ter ouvido as pessoas magras falarem das gordas, e como é frequente os magros denegrirem os gordos. Na melhor das hipóteses sentem pena deles. Também sei que quando uma pessoa magra olha para uma gorda, a magra considera a gorda menos virtuosa que ela.



A gorda carece de força de vontade, de orgulho, dessa miserável atitude, a "auto-estima", e não se preocupa com os amigos nem com os familiares, porque se se preocupasse com eles não andaria pelo mundo com esse aspecto de repugnante suíno, rinoceronte, hipopótamo, elefante, de monstro de grandes beiços e cheio de banhas. (...).
Detesto-me. Quase sempre me detestei. Tenho boas razões para o fazer, mas não por más acções praticadas. Não me odeio por traições, por ter apunhalado nas costas alguém que tenha confiado em mim. Detesto-me por não ser bonita. Detesto-me por ser gorda. (...)Ter-me-ia porventura o amor servido de alguma coisa? Creio que o amor não me teria tornado magra. Além do mais, chegado o momento em que pensei no "amor" como sendo uma resposta, era demasiado tarde.
Eu era demasiado gorda para o amor. Mesmo quando era magra, era gorda.(...). Nunca desenvolvi tendências suicidas, mas também não dei pulos de alegria. (...). Entre as razões que levam as pessoas a guardar para si as histórias tristes encontra-se a de não quererem que se tenha pena delas. Eu não o quero. Não quero que tenham pena de mim. Sou aquilo que sou."

excertos de: Fat Girl de Judith Moore

NORBIT - Uma Comédia de Peso



É Eddie Murphy da maneira que todos gostam! Com seu jeito cómico em múltiplos papéis! Murphy actua como o delicado Norbit, que consegue uma segunda chance no amor, com sua namoradinha de infância, Kate (Thandie Newton). Mas existe um imenso obstáculo: a ciumenta e cruel Rasputia (Murphy) quer Norbit todinho só para ela. Será que Norbit conquistará o coração de Kate...antes que Rasputia o reduza a nada? Com um elenco de astros incluindo Cuba Goooding Jr, Marlon Wayans e Eddie Griffin, Norbit vai fazer todo mundo morrer de rir.

Uma história entre tantas outras ;



Vanessa Dias, S. João da Talha ;

"Primeiro de tudo, devemos falar de perturbações, mesmo que muitos de vocês achem um exagero ou grau de dramatismo muito elevado. No entanto, é por não levarmos este tipo de problemas a sério que o número de obesos, bulímicos, diabéticos e anoréxicos aumenta.
Todas estas doenças relacionam-se com o nosso estado espiritual, intelectual, psicológico, físico e social. Espiritual, porque depende das nossas crenças. Intelectual, porque a qualidade e quantidade de informação sobre estes temas que possúimos podem, ou não, ajudar a entender-nos a nós próprios. Psicológico, porque o nosso estado psíquico, o nosso humor e a nossa percepção são dos pontos que mais influenciam no desencadeamento das doenças do comportamento alimentar. Por fim, físico, se não estamos contentes com o nosso corpo, e social, porque aquilo que vemos, as nossas relações com os outros e os nossos hábitos sociais ditam as regras do modo como vivemos o dia-a-dia.
Eu sofri de obesidade mórbida, já tive um IMC (indíce de massa corporal) superior a 40. Levei dois anos e meio a perder cerca de 50 quilos. Não fiz nenhuma cirurgia e muito menos usei medicamentos ou químicos. Contactei os serviços públicos de obesidade e fui ajudada. (Sim, estes serviços existem!)
Uma dieta (e não gosto de lhe chamar dieta, devido ao valor perjurativo da palavra), muito exercício físico e querer foram suficientes. Um caso de sucesso sem dúvida, algo que desejava atingir. Contudo, quais as consequências?
Posso dizer para já que este processo não foi um caminho de pétalas de rosas, mas sim de alguns espinhos. Claro que não posso pensar que seria melhor continuar num estado grave de obesidade, mas confesso que cheguei a desejar voltar atrás.
E porquê? As transformações sociais, de relação com os outros, a obcessão e medo de voltar a ganhar peso, fizeram-me chegar neste momento à Bulimia. Não à bulimia que estamos habituados a associar ao vómito.
Sou bulímica porque como compulsivamente num curto espaço de tempo quantidades de comida impensáveis e mais tarde realizo exercício físico intensivo. Ainda há 45 minutos voltei a ter outro ataque. Eu sei aquilo que estou a fazer, conheço perfeitamente a doença, que devo parar e controlar-me... mas não consigo e isso irrita-me profundamente.
Sempre ouvi dizer que um médico não pode ser médico dele mesmo e o mesmo se passa comigo. Não é por estudar nutrição que me consigo curar. Até porque isto passaria mais por um psicólogo do que por um nutricionista. Há perturbações graves desde o tempo da obesidade mórbida.
Cada dia que nasce é um dia de uma nova tentativa mas que sai sempre falhada. Amanhã o dia nasce outra vez, se não ficar a dormir enfio-me no ginásio e depois segue-se uma tarde de trabalho. Ao fim da noite, quando chego, só me apetece descarregar na comida. O meu bom controlo sobre a comida perdeu-se. É como o vício do álcool ou do jogo, por isso eu comparo sempre estas doenças aos vícios. Há sempre uma hipótese de recaída e de descontrolo."

- Evita entrar no jogo, porque não existe nada que te leve a voltar atrás.

Obesidade Mórbida ou Um Poema Proseado



“Nós que aqui estamos, por vós esperamos” é o slogan do bom cemitério. As carnes decompostas, consumidas pelos vorazes vermes kamikases, anunciam o veredito inexorável de todo homem: a entrega dos olhos para a terra comer.

Ao cabo de tudo, todos seguem a Lei de Lavoisier: rumo à eterna transformação, à constante selvageria das necessidades do consumo. Nos consumimos a todos numa autofagocitose que processa a mesma matéria miserável de sempre: o altivo corpo pútrido…

A cachaça do bagaço do homem mastigado é amarga e corrosiva, matadora implacável da desavisada erva daninha que julgava ser a cova um bom lugar para ali nascer.
A rosa nasce do esterco, mas dos nutrientes da cova nem mesmo a existência de uma erva daninha se permite cogitar. No buraco negro do homem-cadáver, a via expressa de energia corre cegamente numa só direção: ao íntimo do próprio âmago, este invariável obeso mórbido.

- Obesidade





A gordura submerge os ossos – e o poema.
A anorexia (a que alguns chamam
“elegância” ou “concisão”)
Impede os movimentos de um corpo
que precisa de músculos para subir até à boca
do vento ou do inferno – lugares
sem espaço nem semáforos
na circulação da alma.

É preciso que as glândulas funcionem
apenas o necessário. o excesso e o defeito
perturbam o equilíbrio do organismo

O trânsito, nos intestinos, rejeita
uma vida sedentária. fibras
bífidus e muita águas
em aromas, da nascente, auxiliam a digestão
de um mundo com pés mergulhados
em óleo de fritura, comendo carne
e tubérculos sem qualquer capacidade
de dissolução na corrente que alimenta
os vasos sanguíneos.

Submersos os ossos, entupidas as veias – o colesterol
do poema impede a circulação do
sangue nas palavras (água salgada
a irrigar as estruturas do cérebro)

Pode bater o coração, pode bater,
sem a agilidade e o dinamismo das estruturas
e do pensamento, nada nem ninguém
conseguirá contudo evitar a síncope
das válvulas do sentido.

Ou, pelo menos, o inchaço
dos membros inferiores
à espera da amputação
pela gangrena.


Ruy Ventura

Obesidade infantil



A Obesidade Infantil é um problema crescente e tem que ser uma grande preocupação para os Educadores.
A Obesidade trás graves consequências para as vidas das nossas crianças.
Recordemo-nos que a Obesidade é uma doença que afecta seis em cada dez portugueses. Os números são tão elevados quanto as patologias associadas à Obesidade: Colesterol alto, problemas cardíacos, entre outros.

Não é mau ser-se gordinho, mas é grave ser-se obeso.

Os pais são os principais responsáveis pela educação alimentar dos filhos, por isso, é importante que os sensibilize para estas realidades.

Aumento da obesidade faz "disparar" diabetes entre os mais novos



Crianças e jovens são cada vez mais afectados pela doença, devido à má alimentação.

Vontade política, moralização na publicidade a produtos alimentares e aposta das autarquias em infra-estruturas desportivas são medidas essenciais para prevenir a diabetes, uma doença que atinge cada vez mais os jovens.
Medidas que têm de ser simultâneas e devem constituir uma "task force" no combate à diabetes, conforme disse ao JN Luís Gardete Correia, presidente da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, que, hoje, dia mundial da doença, promove um fórum sob o lema "educação e prevenção".
Em Portugal, estima-se que 11,7% da população (mais de 900 mil pessoas) tenham diabetes. Mas o que mais preocupa é o aumento da obesidade infantil e juvenil. Não havendo números sobre quantos destes jovens têm já a diabetes associada - esta semana arrancou o registo nacional da pessoa com diabetes, que dentro de um ano poderá estar concluído -, sabe-se que essa é uma das complicações de que poderão vir a sofrer. Um estudo recente, elaborado pela Plataforma contra a Obesidade, refere que 30% das crianças portuguesas sofrerão de excesso de peso e 10% padecem já de obesidade.
Uma percentagem que Carla Pedrosa, nutricionista do Hospital de Aveiro e professora na Faculdade de Nutricionismo da Universidade do Porto, confirmou no terreno, quando decidiu fazer um rastreio das crianças com excesso de peso no concelho. Detectou os mesmos 30% com peso a mais e 10% obsesas.
Um fenómeno associado aos modernos estilos de vida. Pouca actividade e uma hiper-alimentação, baseada numa elevada carga calórica. Para o lanche, na escola, levam bolos em vez do tradicional pão com queijo ou fiambre. E bebem muitos refrigerantes. "Perdeu-se o hábito de beber água à refeição", diz, lembrando, também, que em casa, muitas vezes por falta de tempo dos pais, "recorre-se a refeições mais rápidas", geralmente à base de fritos.
O número de horas na escola aumentou, mas não aumentou a actividade física. Ela é praticamente a mesma existente antes do alargamento dos horários. Para além disso , "nem todos têm disponibilidade para frequentar uma actividade física depois das aulas".
A vantagem deste estudo, conforme refere a nutricionista, é que foi possível levar estas crianças ao hospital, onde podem ser acompanhadas e sensibilizadas para hábitos mais saudáveis.
A proximidade com os doentes, como confirmou um estudo apresentado esta semana, dá frutos positivos. Um rastreio à prevalência da diabetes em 11 centros de saúde mostrou um número elevadíssimo de doentes (30%, muito acima das previsões internacionais), mas mostrou, também, que a sensibilização funcionou. Nos doentes a quem foi proposto que alterassem hábitos de vida foram detectadas, numa segunda visita, seis semanas depois, melhorias significativas - menos mais de 600 gramas de peso e menos um centímetro de perímetro abdominal, disse Teresa Mota, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, coordenadora do estudo.
Educação para a doença é precisamente o que se faz na Associação Protectora dos Diabéticos Portugueses. Mas, como diz Gardete Correia, é preciso muito mais. São precisas políticas públicas nas escolas, atenção aos alimentos disponíveis nas cantinas escolares e informação às crianças e aos pais. Para além disso, tem de haver alguma moralização na publicidade aos produtos alimentares. E políticas locais, ao nível das autarquias, de desenvolvimento "de espaços verdes e fomento da actividade desportiva".

Clara Vasconcelos