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16 dezembro, 2009

Anoréxicas criticam campanha com modelo de 35 kg



Campanha com foto de Toscani alerta para anorexia
Celeste López - Espanha


"Estamos horrorizadas. Indignadas. Lutar contra a anorexia não é veicular a fotografia de uma mulher nua, com peso de 35 kg, emaciada, exibindo as chagas de herpes e literalmente às portas da morte. Lutar contra a anorexia é bem diferente disso, e muito mais sério. Aquela imagem é totalmente contraproducente e tem por objectivo apenas promover uma marca", diz a paciente Elizabeth Jiménez, 26 anos, que está hospitalizada no Instituto de Distúrbios Alimentares de Barcelona há três meses e não consegue ocultar a sua indignação profunda diante da imagem de uma jovem anoréxica que o fotógrafo italiano Oliviero Toscani registrou para divulgar uma marca de roupas femininas, a No-l-ita.


O sentimento é comum entre os 40 pacientes (dos quais apenas um homem) que compartilham de sua ala no instituto e debateram o tema durante uma hora em uma das sessões de terapia conduzidas no centro. Elisabeth, de Alicante, sofre de anorexia desde os 18 anos de idade. Era atleta de competição, disputando torneios de taekowndo, e a sua obsessão por perder "um pouco de peso" e poder competir na categoria 50 kg conduziu-a à sua situação actual.
"Queria perder 3kg e acabei por perder mais de 10. E não demorou muito para que eu passasse a desejar perder cada vez mais peso, até quase perder a vida". Ela garante que sofreu "imensamente" e que passou momentos "tão duros que, por mais que eu tente, não consigo explicar". E justo agora, quando se sente mais forte para encerrar em vitória a sua luta contra a enfermidade, ela encontra "uma fotografia que me faz recordar toda aquela dor. O corpo dela me recorda tanto o estado em que o meu se encontrava, há apenas alguns meses".
A magreza extrema forçou-a a deixar o desporto, retomando os estudos. O perfeccionismo que caracteriza as pessoas que sofrem dessa doença conduziu-a a um desempenho muito eficiente no curso universitário de administração e finanças, com óptimas notas. "ninguém é mais exigente do que o próprio nós". Ela encontrou emprego num banco, mas depois de apenas alguns meses viu-se forçada a abandoná-lo. "Não consegui continuar. Pesava 35 kg (tem 1,63 m de altura), e passava o tempo todo enjoada; não conseguia nem mesmo manter uma conversa concentrada, ou ler. Foi um período de imensa angústia para mim".

Jiménez diz que não consegue compreender a modelo que posou para o anúncio, nem o fotógrafo que registou as imagens e a marca que as está utilizando para fins de publicidade. E pela simples razão de que "isso não equivale a lutar contra a anorexia. As minhas companheiras e eu acreditamos que seja o contrário, aliás, e que o anúncio a fomente. As pessoas saudáveis decerto sentirão repulsa, mas posso garantir que, para uma mulher doente de anorexia, aquela imagem pode passar a representar um objectivo a ser atingido. Somos muito competitivas e, para nós, perder peso é um grande desafio".

Jiménez passou por diversas internações nas unidades de psiquiatria de um centro hospitalar. "Mas quando me internavam, eu ganhava peso, ou seja, o aspecto físico da enfermidade era tratado, mas não o psicológico", o que fazia com que ela passasse por recaídas depois de cada internação. Até que um dia ela foi levada quase morta ao hospital, com pressão arterial perto do zero. "Daquela vez, achei que tudo tinha chegado ao fim".
Porque passou por tantas experiências dolorosas a esse ponto, ela está convencida de que a campanha da No-l-ita não ajuda em nada na luta contra a anorexia. Mas aprova iniciativas como a de proibir que modelos com peso abaixo de um mínimo desfilem profissionalmente nas passarelas. "Sei que é muito difícil compreender para pessoas que não sofram da mesma enfermidade que eu, mas o ponto é que se uma moça vê um vestido tamanho 32, fica obcecada por emagrecer a ponto de caber naquela roupa. O objectivo? Ficar o mais parecida possível com as modelos que desfilam aqueles trajes".

Depois de três meses de internação no instituto, Jiménez, que vive em Alicante, agora está enfim preparada para voltar à vida quotidiana. De facto, já começou a fazê-lo, e está a dormir na sua casa todas as noites. "Eu já me recuperei, quanto ao peso. Mas a questão psicológica é coisa bastante diferente. Creio que esteja passando bem, mas é preciso avançar passo a passo", diz ela, com cautela. Reconhece ter medo de voltar a enfrentar a questão da alimentação, fora do instituto, mas acredita que será capaz de superá-lo, em breve. "Aqui ensinam-nos a viver com objectivos. Quero trabalhar, quero ser mãe...".


Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME

1 comentário:

  1. Quando essa campanha foi lançada (é uma linha de roupa penso) ocorreram várias opiniões de contestação. Recordo que uma entrevista da modelo (ex modelo) explicava que com roupas o verdadeiro estado do corpo e até os efeitos na pele não eram visíveis. Ou seja pretendia explicar que algumas das modelos que actualmente ainda vemos nas passarelas não andam muito distante desse peso...apenas estão cobertas de roupa.
    A literatura dos especialistas geralmente desaconselha o uso de imagem de pessoas extremamente magras não por uma questão de pudor e direito à privacidade do fotografado (que é razão suficiente claro) mas também porque tem (dizem ter) um efeito negativo sobre as pessoas que sofrem da doença. Parecendo que 'alertam para a realidade' podem ter o efeitos oposto.
    Li uma referência que registei no blogue à TERAPIA PELA FOTOGRAFIA mas ainda não encontrei nenhum caso concreto que possa relatar 8de sucesso ou insucesso).

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